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Anéis: uma obsessão?



"Os anéis simbolizam muitas coisas. Eles podem servir como declarações pessoais, adornos, representações de compromisso ou lembretes sentimentais. Mais do que meramente decorativos, a posição do anel na mão e a forma como é usado pode denotar amor, promessa, rebelião, compromisso ou afiliação. Nas mãos dos joalheiros mais criativos do mundo, os anéis podem tornar-se obras de arte infinitamente fascinantes." *

Nicolas Strada



Um dia, um bom colega perguntou-me qual o tipo de peças de joalharia que eu gostava mais de fazer?

Repondi, sem hesitar: "alfinetes".

Ele sorriu, com um ar um pouco desafiador, e retorquiu: "Curioso... Eu sempre achei que tinhas uma obsessão por anéis."

Desde então, esta observação ficou na minha mente e sempre que faço um anel novo, recordo essa conversa e sua expressão irônica.


Quando fiz o curso modular de Técnicas de Ourivesaria na Cindor, e tinha que desenvolver uma peça da minha escolha utilizando a técnica que estava a aprender, acabava sempre por fazer um anel. Gostava especialmente do facto de, à medida que o realizava, podia sempre testar como ficava na mão, se era confortável, se a peça resultava ou não. Não precisava de um espelho para ver se ficava bem quando colocado na orelha ou à volta do pescoço - como os brincos ou os colares - ou se resultava quando pregado numa camisola ou num casaco - como os alfinetes. Num pequeno objecto eu condensava, não só a nova técnica que tinha que aprender, mas também a minha liberdade creativa.




Anel realizados durante Curso Modelar de Joalharia (Prata 925)


Hoje, enquanto profissional, quando desenvolvo uma coleção, quase sempre começo por desenhar um anel. Faço o seu protótipo, exploro a ideia nesse objecto que nomeadamente, muitas vezes, ainda em fase muito experimental, levo comigo para passear. Só depois de uns dias a "namorar" a ideia, que vou vendo nas minhas mãos ao longo dos dias, desenvolvo o resto da coleção. Ocasionalmente, a coleção até acaba por ter mais colares ou pulseiras, mas em 90% das vezes, a primeira peça é um anel.


Confesso também que, quando hoje faço um anel para um pedido de noivado, ou alianças para um casamento, há um grande entusiasmo no projecto e na sua realização. Estas peças são tão simbólicas! Vão transmitir uma mensagem de amor, de compromisso. Ainda por cima, à partida, os seus destinatário vão usá-las toda a sua vida. Saber que um pequeno objecto tem esta responsabilidade e esta carga simbólica é, do meu ponto de vista, um fenómeno incrível da joalharia!



Anel realizados durante Curso Modelar de Joalharia (Prata 925)


Por isso sim: gosto do facto de um anel ser uma peça que à partida está sempre vista de todos.

Quando damos um aperto de mão: é visível.

Quando pegamos em alguma coisa, no nosso trabalho, numa loja, num supermercado: é visível.

Quando acenamos ou dizemos adeus: é visível.

Quando conduzimos: é visível.

Quando comemos: é visível.

Quando escrevemos: é visível.

Quando tiramos uma selfie: é visível.

É visível não só para os outros, mas também para nós, para quem os estar a usar. Talvez isto seja o que mais me encanta nos anéis.


No final, admito que tenho um fascínio por anéis. Agora uma obsessão? Ainda não sei. Acho que vou precisar de mais uns anos para responder a essa pequena provocação do meu colega.

Anel de noivado que realizar em 2018 (ouro branco e perola)



Por isso sim: gosto do facto de um anel ser uma peça que à partida está sempre vista de todos.

Quando damos um aperto de mão: é visível.

Quando pegamos em alguma coisa, no nosso trabalho, numa loja, num supermercado: é visível.

Quando acenamos ou dizemos adeus: é visível.

Quando conduzimos: é visível.

Quando comemos: é visível.

Quando escrevemos: é visível.

Quando tiramos uma selfie: é visível.

É visível não só para os outros, mas também para nós, para quem os estar a usar. Talvez isto seja o que mais me encanta nos anéis.


No final, admito que tenho um fascínio por anéis. Agora uma obsessão? Ainda não sei. Acho que vou precisar de mais uns anos para responder a essa pequena provocação do meu colega.




*STRADA, Nicolas; New Rings: 500+ Designs from Around the World"



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